26/07/2017

Publicidade & Marketing: Endorfina é muito melhor que Rivotril!

"Neste momento tão difícil da vida nacional, eu busco paliativo na maior e mais natural das drogas: a endorfina. No dia 15 de novembro, o meu primeiro triatlo me espera.

É um virada contundente na vida de um ex-gordo fumante de 160 quilos galopando para os 200 quilos. Naquela época, Roberto Kalil, meu médico, foi taxativo: você vai morrer.

Eu escrevo este texto às 4h40, o momento em que saí da cama nesta segunda-feira fria de São Paulo rumo à piscina da academia.

O triatlo "short" para o qual venho me preparando são 750 m de nado, 20 km pedalando e 5 km correndo. Assim escrito não parece tão difícil.

Mas, na realidade do simulado que fiz no mês passado em São Carlos, no interior de São Paulo, não é fácil não. É como ser empresário no Brasil. 

Tributos mais burocracia mais péssimo ambiente de negócios mais imprevisibilidade... Somos todos ironmen. Empresário hoje no Brasil não dorme e não sonha. Eu desmaio.


São duas horas e meia de treino que caminham para três com uma folga na sexta. Nos fins de semana, faço um treino longo no qual posso nadar com a roupa de borracha que vestirei na prova e pedalar em ladeiras que me darão mais músculo.

Chego geralmente às 8h na empresa, onde tomo banho, café da manhã (o segundo após o treino), almoço lá mesmo e só saio às 20h. A endorfina foi fundamental para fazer a empresa que toco subir dez posições no ranking de agências de publicidade do Brasil, numa virada espetacular. Ela nos ajudou a conquistar uma das maiores vitórias de minha carreira profissional no festival de Cannes deste ano, tem atraído clientes e talentos para trabalhar conosco e mudou o ambiente de trabalho.

Sim, foi tudo graças a ela: a endorfina. É muito melhor que Rivotril. A história da minha vida é a luta pelo sono e pelo sonho. Esse triatlo tem me dado os dois.

Neste momento de desalento nacional, sou um drogado na multidão. Eu fugi da realidade. Que, aliás, é meu truque no Brasil desde sempre.


Quando cresci, havia a realidade da ditadura. Quando comecei minha agência, a realidade da inflação. Hoje, a realidade dos fatos. Quando pulo da cama e vejo meu peso, entro imediatamente num sonho grande, como diz Jorge Paulo Lemann. O homem não pode viver sem seu sonho grande. Sou baiano, vindo de uma família de esquerda. A disciplina nunca foi minha praia. A endorfina me levou para a disciplina, a rotina, a soneca depois do almoço, a castanha no meio da tarde. E, à noite, eu desmaio. Às 21h30, 22h sou um ser em transe.

Durante o dia, a endorfina me deixa em ritmo de Brasil grande. Sou um sujeito desconectado da realidade. Parece que a economia está crescendo a 4% ao ano. 

O Brasil está cheio de problemas, mas tenho um seriíssimo: a piscina. Das três modalidades, a natação é a que mais me desafia. Por isso, vou ter que aumentar meus treinos de natação de duas para três vezes por semana.


Meu peso no início do ano era 104 quilos. Agora estou em 97 e preciso perder ainda mais sete para o triatlo do dia 15 de novembro. Peso é custo, a data é a meta. Enfim, é tudo gestão digna do meu mestre Galeazzi.

Não é à toa que grande parte dos empresários modernos, como Alexandre Birman e Duda Sirotsky Melzer, é também maratonista.

A grande maratona é o Brasil! O triatlo nos dá força para enfrentar esse ironman que é ser empresário brasileiro."

Nizan Guanaes
(Publicitário baiano, dono do maior grupo publicitário do país, o ABC) 

21/05/2017

Política: A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ROUBO NO BRASIL



Lula e Dilma pedem para a ilegalidade continuar no Senado
 
Imagine a cena: avenida Ana Jansen, no São Francisco, na calçada-estacionamento do Sistema Mirante de Comunicação. Você está parado aguardando um moto-táxi e é assaltado, facilmente. Em outro dia encontra-se lá para pegar um táxi e... de novo é roubado, no mesmo lugar! Não é difícil, pois a área é um dos metros quadrados mais caros da cidade e igualmente perigosa, pela proximidade do bairro Ilhinha – onde a pobreza impera em uma comunidade praticamente surgida da remoção dos moradores palafitados da Lagoa da Jansen para um pequeno conjunto residencial, construído na beira do mangue da Ponta d´Areia, há mais de 20 anos.
 
Claro, você tomará logo (além do susto) alguma providência no sentido de rever alguns pertences, principalmente documentos. Esqueça o dinheiro! Na delegacia, na primeira ocorrência, certamente os policiais se prontificarão em ajudá-lo, tentarão uma busca, uma diligência na área, a partir das características do meliante etc. Mas, se na segunda vez a autoridade policial lhe disser para “deixar para lá”, pois você já fora assaltado mesmo outras vezes, e o assaltante também é gente, precisa de dinheiro para comer, viver, se divertir, enfim... Já pensou?!
 
Enquanto jantava na sexta-feira passada, aproveitei também para assistir aos telejornais nacionais. Quase vomito quanto vi e ouvi a ministra Dilma Roussef, a toda poderosa e futura candidata à Presidência da República do Governo Lula, afirmar de viva-voz que o presidente do Senado Federal, José Sarney, não merecia passar pelo que está passando e que jamais deveria pagar pelo que já acontece há muito tempo no alto poder do planalto brasileiro. Ou seja: aquilo que Dilma e Lula sabem que ocorre há anos na política nacional, eles estavam pedindo que continuasse a acontecer... Então o senador Sarney está apenas cumprindo um ritual comum no Congresso Nacional? É isso, minha gente, brasileiras e brasileiros?
 
Segundo a turma do Lula (que é “a bola da vez” da política do país), as tais ilegalidades ocorrem no Senado e na Câmara há pelo menos 15 anos (imagine na Presidência da República), desde a época em que a atual oposição - leia-se PSDB e DEM/PFL - dominava o alto poder nacional. E os oposicionistas rebatem, dizendo que tudo começou no rodízio do controle da presidência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, criado pelo PT e PMDB, recentemente nos anos Lula. 
 
Há tempos sabemos que somos assaltados todos os dias, temos consciência, seja em Brasília, no Maranhão ou na avenida indo ou vindo da praia da Ponta d'Areia. Mas não estou falando de assaltos à mão armada, como o discorrido no começo deste texto - aliás, só para lembrar, há 15 anos fui assaltado por três jovens malandros (dois deles pareciam ter menos de 18 anos) no Centro de São Luís e, graças a Deus, estou “vivinho da Silva”. Falo dos assaltos em nível federal, estadual ou municipal dos políticos e controladores do povo – aqueles assaltantes eleitos, que se “prontificaram” a trabalhar por uma vida melhor para todos. Refiro-me sobre os que, de dois em dois anos, vêm a público pedir o voto da população, que é obrigada a sair de casa para votar, pois se não cumprir essa “ação cívica”, sofrerá várias e severas sanções e penalidades. Reflita comigo: somos obrigados a eleger os políticos para sermos assaltados, não é verdade?!
 
Mas, se aquele assaltante hipotético do início deste texto fosse pego em flagrante delito? E se ele desse o azar de ser pego pela sociedade indignada, o que aconteceria com ele? Meu Deus!... 
 
Bom, deixemos isso para lá, pois as “severas leis” brasileiras tratariam de dar um bom caminho para a “recuperação” do meliante – certamente ele teria outras boas chances de cometer novas ilegalidades (e sabemos que isso acontece sempre), tanto na nossa vida diária como na política de todo o país – a própria ministra Dilma levantou a possibilidade, em sua fala na TV, e o presidente Lula disse que a oposição está usando o fato para “tomar a presidência do Senado no tapetão”.
 
A questão social que leva uma pessoa comum a assaltar, certamente é bem diferente do poderoso político que se apossa indevidamente da coisa pública. Na verdade, os assaltos viraram rotinas no Brasil. É tudo muito normal. O problema é que, dona ministra e senhores presidentes (creio que saibam), quanto mais se assalta na alta esfera federal mais se deixa de dar uma vida digna e melhor para todos – menos se investe em segurança, saúde, educação, trabalho, lazer... Consequentemente, menos o povo tem o que fazer e comer. Dá pra entender, Lula, Dilma e Sarney? 
 
Essa questão de confundir o público com o privado está tão encravada no coração e na cabeça daqueles que tomam o poder de assalto, que até mesmo os que às vezes acreditamos um pouquinho mais, que está ali ao nosso lado, bem pertinho, nos enganam! Conheço a história de um político, ex-secretário adjunto de educação do Maranhão, que há alguns anos desviava a merenda escolar. Ou seja: tirava o pão e o leite das bocas das criancinhas paupérrimas, vocês acreditam?!
 
Outra história de dar dó: um jovem (não político), ex-secretário adjunto de comunicação, ao tomar posse, também achou que estava tomando posse de todo o dinheiro da sua pasta de trabalho – ele disse para alguns amigos próximos que não dava seis meses para enriquecer! Como, só com o salário de secretário adjunto?!
 
A coisa é bastante grave, porém parece que todos nós tapamos os ouvidos e olhos, muito menos procuramos sair da inércia que os políticos e seus seguidores fiéis nos botaram – nos cimentaram sem areia, vale lembra. Parecem os vícios da bebida e do cigarro (que são legais) ou os da maconha e da cocaína (que são ilegais). Eles entram e não conseguem mais sair, querendo sempre mais, e mais, e mais, e mais... Quanto mais, menos satisfeitos. É doença!
 
Fico assustado, estarrecido, decepcionado e também me sinto aviltado quando alguém próximo (amigo ou não) exclama que está louco para se colar ao político da vez para “comer um pouquinho” do estrago que ele fará. Até parece já tudo planejado. 
 
A mentalidade é pequena, e ninguém quer entrar no poder para trabalhar e enriquecer licitamente, com talento e suor, em prol da coletividade – especialmente daqueles que tanto precisam de um pouco de dignidade para sair da lama e deixar de assaltar à mão armada. Sabemos que essas pessoas são capazes de matar para conquistar o seu intento. Soube de casos de uma pequena revenda de água mineral, em frente ao Sistema Mirante de Comunicação, que os meliantes levam tudo que está no caixa: às vezes, menos de 10 reais, trocadinhos. E se não der, o vendedor-trabalhador pode perder a vida!
 
Certa vez, um estudioso professor universitário me confidenciou acreditar que essa ganância por roubar, em todos os níveis da sociedade, está em função da colonização portuguesa no Brasil ter sido realizada, em sua maioria, pelos piores tipos de gente, que era praticamente expulsa de Portugal para a preservação e segurança da Corte Real. Ele também revelou que, nessa época, era comum gritar: “ladrão, ladrão, ladrão!” e outros abrirem as portas de suas casas para dar abrigo ao ladrão. Exatamente isso: escondia-se o meliante! 
 
Sendo assim, o sofrimento de todos estará garantido por muitos e muitos anos. Então, que Deus nos proteja!


Marcos Baeta Mondego(cidadão brasileiro e maranhense com orgulho)

São Luís, sábado, 04 de julho de 2009.

Distribuído na data acima pelo mailing pessoal e relembrado e publicado hoje, aqui no blog.