04/02/2010

PORQUE DEVEMOS CRIAR A APRO-MA
“no Maranhão todo mundo faz programas”

Um belo dia, sapeando a TV em casa, deparei-me com alguns programas esdrúxulos nas emissoras locais que me deixaram pasme, de queixo caído, de tão ruins que eram! Aliás, são - porque continuam no ar!

Se não bastasse o nível baixo e deprimente dos intervalos comerciais das ditas cujas, os donos de concessões públicas de radiodifusão no Maranhão – pensando somente em seus bolsos – resolveram absurdamente escancarar as portas da esperança para os produtores independentes e dependentes de programas de televisão, de plantão no Estado. Digo assim - dependentes e independentes - porque vocês podem tirar as suas próprias conclusões, assistindo aos programas. Aliás, vamos grafar entre aspas mesmo: “dependentes e independentes”, para sermos mais diretos. Com isso, um monte de “profissionais” está achando que sabe fazer vídeos, especialmente programas.

Têm produtoras e produtores que, não se contentando em fazer o break ruim, resolveram fazer o programa inteiro de baixo nível. Quem é de fora do Estado e assiste à TV maranhense (ops, qualquer semelhança é mera coincidência), vai ter a absoluta certeza que aqui na "Capital do Reggae", "A Atenas Brasileira", "Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade", dentre outros títulos, só tem profissional fraco de televisão. E tomara que eles não ouçam as nossas emissoras de rádio... É muita gente berrando, querendo vender e ganhar no grito!

Nesse mesmo dia, sabendo que tenho no Messenger vários contatos que trabalham no meio, resolvi colocar o seguinte título na minha apresentação pessoal: “No Maranhão Todo Mundo Faz Programas.” A frase passa um tom ambíguo, jocoso, e logo a primeira resposta: o radialista e locutor Jeisael Marques (Groove) entra on line e faz alguns comentários sobre questões e insatisfações suas com o mercado. Como diria o produtor Márcio Carneiro (Zen): lamúrias...

Em outra oportunidade, também conversando com o produtor Dílson Ramos (Via Azul) sobre o assunto, outras e novas lamúrias... Depois, com Maikel Serra Mondego (MSM)– “puta nova no mercado” – mais choro!

Confesso que me indigna saber que sou capaz e não faço nada. Errar por omissão me incomoda. Prefiro pecar pelo excesso (por isso, acho, sou conhecido como “diretor chato”, pois acabo sendo excessivamente detalhista no trabalho, em função da dedicação – tenho cada trabalho como um filho. E também sou “pai-coruja”). Afinal, trabalhamos com comunicação social, propaganda, publicidade, marketing etc. Não é uma função qualquer! Agora, ficar parado?!

Resolvi então “teclar” com algumas pessoas sobre as suas indignações com o mercado, que eram exatamente as mesmas. Redundantes até... Como tenho mais intimidade com Dílson e Jeisa, os convidei então para uma conversa pessoal – o que acabou acontecendo no mesmo dia. Por aí deu pra sentir que havia interesse mútuo, pela resposta da “reunião” que fizemos. Logo - por emails, telefonemas e até “ao vivaço” – resolvemos agregar todos numa reunião maior. O produtor Beto Pio (AMG), surpreso, me ligou em casa para comentar o que ele tinha conversado há alguns meses com a publicitária Vanda Torres (VCR), presidente da recém-organizada ABAP-MA. Empolgado, convidou também as agências de propaganda para essa nossa “primeira reunião”.

Tinha pautado com Jeisa e Ramos que as agências seriam o terceiro momento que buscaríamos. E com a APRO concretizada, ficaria mais fácil conversar com dona Vanda de igual pra igual, do que ela nos encaminhar (pegando a nossa mão) e nos levar para o paraíso. Assim, correríamos o risco de ficar com o “rabo preso”. Organizados, poderíamos também conversar no mesmo nível com os donos de emissoras, por exemplo, sobre “os seus programas” - que seria um quarto momento agendado.

Há pouco tempo um profissional de produtora de grande agência local me disse que ouviu falar que a APRO-MA já estava “nascendo morta”. Outro comentou que um membro da Associação - que o considero envolvido – estava bastante desanimado porque na primeira reunião foi bom; na segunda, ruim; na terceira, pior; e a quarta reunião, talvez, nem aconteceria...

Com a criação da APRO, acredito que não sofrerei tanto com os valores bases a serem cobrados, pois há anos cobro bem os meus trabalhos. Mas confesso que nesses anos passados, também perdi bastante. Em 2001 e 2002, por exemplo, tinha vários clientes de varejo que investiam bons orçamentos nas produções. Passava 2,3 ou até 4 dias somente na captação de imagens. Hoje eles preferem participar do joguete que as produtoras os colocaram, dando a eles o privilégio de pagar mal e dizer quando e como. E o cliente ainda cobra qualidade, agilidade, tráfego e “que não encha o saco, viu?!”

Tenho fé em DEUS que a Associação dos Produtores e Produtoras de Áudio e Vídeo - APRO-MA, nascerá, crescerá, desenvolver-se-á, agregará ainda mais pessoas físicas e jurídicas e jamais morrerá! Ficará eternamente marcada para as gerações futuras de profissionais e empresários que viverão dias melhores que nós. Tenho a certeza que seremos lembrados pela iniciativa de organizar um mercado sem futuro, de uma classe desunida e desleal, mas que mostraremos às outras entidades de classes que somos capazes e inteligentes o suficiente para, pelos menos, lutar por aquilo que é nosso, de direito. Vamos à luta, pessoal! Cadê vocês? Chega de rodar a bolsinha! Abraços a todos, companheiros e não-companheiros.

Marcos Baeta Mondego

TVM Comunicação - Produtora de Som & Imagem


PS: Publicado em maio de 2008 no www.apro-ma.blogspot.com

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